hoje ia no autocarro...
...e enquanto lia a minha revista preferida (Time), que é americana, vi um texto sobre o Irão. Fala-se de forma fria sobre que sanções aplicar ao Irão, nas formas de estrangular a economia persa, etc. E de repente vejo uma foto de uma central de produção de Urânio que fica em Esfahan e lembrei-me da minha amiga Alieh, que lá mora, e da sua amiga, que também conheço, Mahdeyeh.
Fala-se descontraidamente da eventualidade de mais uma guerra, para dissuadir a Pérsia de ter um programa nuclear. Era só mudar o exército e os mercenários (ups, equipas de defesa contratadas) para o país vizinho. Mas é mais que isso, a cidade das duas amigas seria um alvo prioritário...
E aí, já na rua, fui olhando para os prédios, para o alcatrão, para as actividades e pessoas e imaginando as bombas caindo, em Lisboa. Não é provável que as bombas caiam em Lisboa mas é altamente provável que a cidade das minhas seja arrasada. E isto causou-me uma náusea, uma "dor de mundo", uma repulsa pela guerra, pela destruição, um ódio aos futuristas e ao seu nojento manifesto e uma certa simpatia pela leve denúncia de Heidegger à estetização da auto-destruição da humanidade.
"may your weapons rust in peace"
3 comments:
Pois é... estamos tão confortáveis no nosso pequeno país na pontinha da europa que, muitas vezes, não compreendemos o que significam, de facto, as notícias dos jornais, as imagens na TV... Imaginar Lisboa sob ataque é uma boa forma de sentir como essas coisas são reais e afectam pessoas de verdade, como nós.
quando penso na guerra sinto que tenho de viver nem que seja um dia num ambiente assim. o meu pai fala-me muito do ultramar mas no seu olhar forte e distante acrescenta "para ti são estórias de um livro...". pois... nós não entendemos...
ena.. lembro-me de termos tido um problema com essa estetitizaçao destrutora na vespera da frequenca de mutaçao dos media.. e agora vejo como os nossos problemas sao infinitaente pequenos..
xana
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