18.12.07

Ice Hotel 2


No title needed, originally uploaded by Mixmaster.


Não te pude dar um hotel de gelo
mas fomos patinar, fazer corridas de tobogan e gozar com o pai natal do guiness

Não é mau :P

A música liberta


En prisión..., originally uploaded by marmimuralla.


A semana passada fui tocar com a minha banda à festa de Natal de uma prisão, Caxias.
Kms de arame farpado, grades, paredes, guardas. Dois portões gigantes separam liberdade de reclusão.
Foi um choque ver como a vida ali é difícil e uma alegria contactar com pessoas que apesar de terem cometido erros (que qualquer um cometeria em iguais condições desde o nascimento até ao momento da falha) conseguem receber melhor que muitos senhores bem na vida. A verdade é que em muitos bares e festas fui mais mal tratado do que por aqueles criminosos.
Levou-me a pensar que a pena de morte é uma barbaridade, uma oportunidade deve ser sempre dada a quem falha. E a pena capital não resolve nada para a sociedade.
Na memória fica o músico de rua que elogiou tantas vezes a banda e que daqui a oito meses está fora e nos vai voltar a ver; o chefe dos guardas que adorou a bateria (embora seja mais da onda de baterias grandes, à Led Zeppelin); a directora tão simpática; a professora de música que tanto dançou; e a banda dos reclusos que tocou o "Amor neste Natal" na sua maneira muito própria. :) Não me vou esquecer do baterista que tantas vezes me ofereceu as suas baquetas e ofereceu-se para ajudar em tudo. O serralheiro que vai agora arranjar o pedal da bateria do Estabelecimento Prisional; o guarda que já tinha visto a banda, o psicólogo que queria era ouvir Iron Maiden, o teclista gigante que cantava João Pedro Pais melhor que o João Pedro Pais e todos aqueles que contribuiram para um dos concertos mais marcantes da minha curta carreira musical.
Em sete anos toquei com várias bandas e músicos, sempre gostei de tratar os que estão "atrás" e "à frente" como iguais. Na prisão eu fui tão músico como os outros, ainda que eu tenha tido escolas de música, baterias decentes, etc. e o meu homólgo só tivesse conhecido a bateria já dentro das redes de arame farpado.

24.11.07

hoje ia no autocarro...


solitude, originally uploaded by Alieh S.

...e enquanto lia a minha revista preferida (Time), que é americana, vi um texto sobre o Irão. Fala-se de forma fria sobre que sanções aplicar ao Irão, nas formas de estrangular a economia persa, etc. E de repente vejo uma foto de uma central de produção de Urânio que fica em Esfahan e lembrei-me da minha amiga Alieh, que lá mora, e da sua amiga, que também conheço, Mahdeyeh.
Fala-se descontraidamente da eventualidade de mais uma guerra, para dissuadir a Pérsia de ter um programa nuclear. Era só mudar o exército e os mercenários (ups, equipas de defesa contratadas) para o país vizinho. Mas é mais que isso, a cidade das duas amigas seria um alvo prioritário...
E aí, já na rua, fui olhando para os prédios, para o alcatrão, para as actividades e pessoas e imaginando as bombas caindo, em Lisboa. Não é provável que as bombas caiam em Lisboa mas é altamente provável que a cidade das minhas seja arrasada. E isto causou-me uma náusea, uma "dor de mundo", uma repulsa pela guerra, pela destruição, um ódio aos futuristas e ao seu nojento manifesto e uma certa simpatia pela leve denúncia de Heidegger à estetização da auto-destruição da humanidade.

"may your weapons rust in peace"

25.10.07

On Hitler's Highway

de Lech Kowalski
81´ França/Polónia 2002

"On Hitler's Highway" é um "road-movie" filmado ao longo da estrada construída pelos nazis nos anos trinta para facilitar a invasão da Europa de Leste. Um olhar sobre o passado e o presente da Polónia e sobre as relações entre o Oriente e o Ocidente. Ao longo da estrada, Kowalski filma pessoas que tentam sobreviver como podem: um velho vende cogumelos, algumas crianças lavam os pára-brisas dos carros, prostitutas búlgaras fazem uma pausa para fumar um cigarro, um homem que vende gnomos de jardim recorda com saudade os tempos do comunismo. Prémio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema Documental de Amesterdão em 2003, "On Hitler's Highway" é o segundo tomo da trilogia europeia do realizador, "The Fabulous Art of Surviving", começada em 2000 com "The Boot Factory" e concluída com "East of Paradise" (2005).

Hitler's Highway era dos filmes que eu mais queria ver no festival inteiro. Para castigo abateu-se sobre mim a maior indisposição e náusea de sempre. Ainda assim pude ver o filme até ao fim (embora me tenha sentado no ultimo lugar da fila, pronto a sair a qualquer altura).
Um bom documento da "Autoestrada", o filme parece ter inspirações no Direct Cinema ou na Nouvelle Vague francesa no que toca a tomada de vistas e técnica de captação de imagens. Na montagem as coisas são diferentes. A montagem é bastante actual, recorrendo a uma linguagem que conhecemos bem da televisão. Planos não muito curtos não muito longos, com ritmo moderado, etc. Não precisava de chocar pela montagem com o conteúdo que apresentava: campos de concentração, ciganos reclamando por um país para a sua nação, como a nação judaica teve, prostitutas que revelam os segredos da profissão, guias em bases militares de balística abandonadas (da URSS), etc.
O filme quase consegue o objectivo de nos levar à origem da estrada, aos anos 40 da Alemanha e Polónia, embora eu ache que lhe faltou libertar-se da actualidade e quotidiano das prostitutas para ir mais ao encontro de quem possa saber da origem da estrada de Hitler. O autor tinha um certo fascínio pelas raparigas, nota-se...

A casa do Barqueiro

de Jorge Murteira
63´ Portugal 2007

Paulino é o último barqueiro da Amieira do Tejo. Entre as duas margens do rio é ele quem assegura a ligação. Mas raros são os passageiros e a seu posto de trabalho será brevemente extinto pelo poder. Enquanto isso não acontece, Paulino faz da barraca sobre o rio a sua casa improvisada. Vive ao ar livre e só recolhe quando a chuva, o frio ou o vento apertam. Pede e resmunga uma nova casa em condições. Mas quem o ouve? No Inverno e no Outono, aguarda sozinho os clientes perto da fogueira sobre o vale do rio, atento à passagem dos comboios que raramente trazem fregueses. Na Primavera e no Verão, fica à mesa de sulipas, solitário, mas sempre disponível para partilhar um copo ou um petisco com um turista ocasional.



Hilariante! Não vamos para casa mais ricos de conhecimento ou deslumbrados com os enquadramentos (vi um dedo em frente à objectiva e tudo). Mas o trabalho de um ano e muita paciência deu um documentário original e divertido, graças ao rabugento barqueiro.
Engraçado como sem voz off, sem mostrar coisinhas, sem um guião sequer se consegue fazer um filme cativante para um público generalizado.

Nocturno

de João Nisa
27´ Portugal 2007

Descrição fragmentária do espaço abandonado da antiga Feira Popular de Lisboa, durante o período que decorreu entre o seu encerramento e a definitiva demolição das suas instalações. Um conjunto de longos planos fixos, atravessados por pequenos movimentos, apresenta alguns dos elementos existentes no local (fachadas encerradas ou semidestruídas, divertimentos parcialmente desmontados), reconstituindo através da sua sucessão um percurso no interior do recinto. Um trabalho que pretende forçar a concentração da percepção e explorar a relação entre a experiência temporal e o modo de apreensão visual e sonoro de um lugar específico.



O filme passou a sua mensagem por exaustão. Mais de 20 minutos de filme com pouco mais de uma dúzia de planos e todos fixos. Referi que os enquadramentos eram sempre de casas abandonadas na Feira Popular de Lisboa? Ficámos a perceber que um espaço onde houve movimento é agora um nada, um Urban Void dos que falava a Trienal de Arquitectura de Lisboa este ano.
Para os que queiram queixar-se "isso não é um filme" defendo desde já que não é uma projecção de slides. Há som, há imagem em movimento, só não há movimento na imagem em movimento. Tirando um gato que se atreveu a passar em frente da câmara e que deixou perceber que o filme tinha uma boa qualidade de imagem, como se pode ver na foto acima.

19.10.07

The Monastery

de Pernille Rose Gronkjaer
84´Dinamarca 2006

"The Monastery conta a história de um velho solteirão, o senhor Vig, que nunca se apaixonou e tem um desejo imperioso: transformar o seu castelo semi-abandonado, onde vive sozinho, num mosteiro ortodoxo. Escreve ao patriarca de Moscovo, que envia para a Dinamarca uma pequena embaixada de freiras russas com o objectivo de estudar o pedido do senhor Vig e negociar condições. O conflito entre caracteres e culturas é inevitável. Durante largos meses, o castelão dinamarquês e as freiras russas discutem os mais pequenos detalhes da transformação do local - desde os tubos de aquecimento até à localização do altar da Igreja. As freiras têm as suas próprias ideias e o senhor Vig é obrigado a perceber que o caminho para a concretização do seu sonho será bastante diferente daquilo que tinha imaginado. Vencedor do grande prémio Joris Ivens (IDFA) em 2006."



A Lusomundo devia passar disto...
Este documentário rebenta com uma certa ideia que embora nunca formalizada paira sempre no ar: o documentário ou é didáctico, muito directo, preparado para passar numa TV do Estado ou então é uma obra cinematográfica muito distante e apenas compreensível para uma camada estreita da população. Não.
Este filme tem vários layers e fez rir a audiência. Vemos um confronto de culturas, vemos um velhote simpático mas forreta, e acima de tudo vemos um filme bem pensado e cuidado para ser uma mistura de documentário com entretenimento. Está bem conseguido pela maneira como se montou a história, uma montagem a pensar na narrativa. E claro, a música ajudou bastante porque foi musicado como um filme mainstream seria. Uma verdadeira lição para quem produz e para quem vê (sobretudo para quem não vê) documentários.
E eu até simpatizava com o rabugento do Sr.Vig... pena ele ter morrido sem ver tudo acabado.

Their Frozen Dream

de Jan Troell
60´Suécia, 1997

"Na sequência de uma ficção multipremiada e nomeada para o Oscar de melhor filme estrangeiro ("Flight of the Eagle" - a história de três exploradores suecos que, no final do século XIX, tentaram atingir o pólo norte em balão), Jan Troel realizou o documentário "Their Frozen Dream", sobre o mesmo tema. Com a voz de Max von Sydow que lê excertos dos diários desta aventurosa viagem, o filme é construído a partir de documentos autênticos (cartas, fotografias e textos) descobertos em 1930, entre os vestígios da expedição numa ilha do Oceano Árctico, após 32 anos enterrados no gelo."


O primeiro filme que fui ver (e a razão para este ter sido o primeiro está explicada no post anterior) foi apresentado pelo próprio realizador. Trata-se de um documentário que usa imagens de um filme de ficção baseado no mesmo motivo e realizado pelo mesmo Jan Troell.
O filme usa imagens da época, paradas e em movimento e parte da leitura de cartas e diários dos três expedicionários e de familiares seus. Interessante é o facto de se ter aproveitado tão bem as poucas imagens da época que havia para fazer um filme de uma hora. O ponto fraco está aí também: um minuto mais e o filme era longo demais devido à repetição de imagens e ideias. A história é simples e podia ter sido contada em metade do tempo embora prejudicando a merecida homenagem aos três aventureiros. Partiram em busca do Polo Norte num balão de gás e acabaram por morrer no gelo, tendo sido descobertos 30 anos mais tarde.
Se é verdade que o bom aproveitamento das poucas imagens exigiu uma cuidadosa escolha dos sons para "pintar" o filme também é verdade que se notam oscilações de volume injustificáveis.
Estranho ainda o facto de a cópia parecer estar em tão mau estado, principalmente no início do filme mas isso não cheguei a perceber se foi efeito ou defeito :)



doclisboa


Inicia-se aqui uma série de posts que não são crítica de filmes e muito menos crítica de cinema. São um registo das minhas opiniões e sensações ao ver os filmes do DocLisboa e servem mais para guardar essas impressões em lugar que me lembre (é que eu tenho uma mesa de trabalho muito desorganizada) do que para tornar públicas as minhas opiniões.
Começo com uma crítica... não fosse um erro de impressão no programa e no bilhete do festival e eu teria visto a sessão quádrupla "Cherkasy / Artel / Scythian Suite / 1937" que era das sessões que mais me atraía no festival. Rapidamente me trocaram por outro bilhete.

11.10.07

Menção honrosa

O post do mês vai para:

La Dolce Vita

da amiga Alexandra.

Salma

Uma boneca respeitável:

26.9.07

Marcados com uma estrela


Israel just do it, originally uploaded by Sameli.


"This is not the homo land. This is the Holy Land. It's inappropriate here. Jerusalem is not a Greenwich Village, huge gay bar. It's Jerusalem, the Holy City." --Rabbi Yehuda Levin

"These people are sick and they should be treated in hospitals. [...] people with this disease should not be out in the streets." --Israeli cabinet Minister Abbas Zocher

Da única democracia do Médio Oriente.

24.9.07

United Abominations


monolith, originally uploaded by view-askew.


O Presidente do Irão foi impedido de visitar o Ground Zero, em NYC. Depois foi convidado para falar numa universidade e o reitor chamou todos os nomes ao governo da Republica Islâmica do Irão e seu Presidente.

da Lusa:
"Interrogado sobre Israel, o dirigente iraniano que noutras ocasiões defendeu que "Israel devia ser riscado do mapa" explicou que o seu governo não reconhece "este regime", que responsabilizou por matar pessoas e cometer diversas atrocidades.

Quanto ao Holacausto, que na sua opinião é "um mito", questionou por que não se permite "que se façam mais investigações" se é de facto uma realidade.

Além disso, "se ocorreu na Europa, porque é que os palestinianos têm de sair e ceder a sua terra", questionou."


De facto... nestes três pontos o rabugento do iraniano tem razão.

10.9.07

moonlit


the Moon, originally uploaded by Snood.


Que ninguém durma!
Que ninguém durma!
Você também, ó Princesa
Em seu quarto frio, olhe as estrelas
Tremendo de amor e de esperança

Mas meu segredo permanece guardado dentro de mim
O meu nome ninguém saberá
Não, não, só o direi na sua boca
Quando a luz brilhar

E o meu beijo quebrará
O silêncio que te faz minha


Giacomo Puccini

3.9.07

Lx boa


CASTELL DE ST JORGE, originally uploaded by begonart.


Deixei a minha cidade para viver na minha aldeia. Agora sou uma espécie de apátrida: deixei lá a vontade, a comunicação com a urbe, com a paisagem social. Vim embora para ficar a ver de longe, à espera que os bárbaros cheguem.

Deixei o meu coração em Lisboa.

16.8.07

La Isla Bonita (Avalon II)


La Isla Bonita, originally uploaded by Enolough.


Isolamento...
Sentir-se numa ilha, atravessar o mar apenas com quem sentimos ser parte de nós. Fora do contacto com o corpo social e dos olhares de todos os dias. Criar novas memórias num sítio sem angústias... deitar ao mar todos os medos.

Percorrer os caminhos de curvas e contracurvas, altos e baixos, deixar para trás o cansaço e fazer de uma viagem um ponto de reencontro com a paixão, que filtra o sujo, o impuro, o gasto, o incómodo.

Daí voltamos melhores, como heróis que nos contos de fadas vivem felizes para sempre, enfrentando todos os males.

15.8.07

debaixo do mesmo sol


sun tunnels, originally uploaded by popflower.


apesar das distâncias
ainda que as condições sociais e económicas sejam diferentes

todos vivemos debaixo do mesmo sol


quando estás longe
quando não te vejo com os olhos

estamos debaixo do mesmo sol


e debaixo do mesmo sol brilhamos interligados
vemos pelos raios de luz que desse mesmo sol saem
e com diferentes tonalidades vemos coisas em comum

em todo o lado que estejas
a todo lado que vás
estás
vais

debaixo
do
mesmo

S O L
O
L

-->

6.8.07

Avalon


Berlenga IV, originally uploaded by xita_primavera.


Isolamento...
Sentir-se numa ilha, levar para a viagem apenas o "eu", nu do contacto com o corpo social e com os outros de todos os dias. Lavar as memórias e angústias, os pensamentos... deitar ao mar as mensagens lidas.

Percorrer os caminhos de curvas e contracurvas como num jardim chinês, deixar para trás as imperfeições e fazer de uma viagem uma peneira que filtra o sujo, o impuro, o gasto, o incómodo.

Daí voltamos melhores, como o herói que nos contos de fadas passou pela iniciação, pelas provas de teste que lhe permitirão enfrentar o pior dos males.

Às vezes o pior dos males vive dentro do herói; às vezes o adversário está no espelho.

"No beginning or end
All of the roles we pass on through
I looked inside and I saw
My soul's my guide, I need to walk with you
I know this is where I'll stay
The world I've left behind
Has no place in my heart
I can finally rest
And live out the rest of my days
I'll never leave Avalon"

"Shores Of Avalon" in Keep It To Yourself (1999), Mullmuzzler

31.7.07

Brain storm?


Shelving Colapse 1, originally uploaded by cybrgrl.


isto amigos, é o que sentimos quando a cabeça lateja, ameaçando ora implodir ora explodir.

parece que todas as ideias fora ao ar e que só com muita dificuldade se consegue puxar de um conteúdo e aplicar a qualquer coisa. as perguntas demoram a obter resposta, os problemas parecem ameaçar desistência...

esta dor de cabeça maldita é atípica:
a) não costumo ter disto
b) é localizada em duas zonas mas nunca ao mesmo tempo
c) perturba pensamento e visão de tempos a tempos
d) parece não passar

2.7.07

shutDOWN


Moonlit Cruise, originally uploaded by konaboy.


Woke up and I wanted to make you my harbor
Made up but the moment dies

[cold light bleeding through the closed blinds
deep the quicksand
cage the soft hands]


Spaced out and I touch you to make myself calmer
You smile but the moment dies

[her breath threading the still night
kiss the cold lips
make the time slip]


[OSI (2003), "shutDOWN" in Office of Strategic Influence]

Pequenas descobertas


life finds a way, originally uploaded by Enolough.


Nos mesmos locais, nas mesmas pessoas ou nas mesmas situações é possível por vezes encontrar o pormenor que rebenta o "mesmo" como se fosse uma bola de sabão.

Para não cair em monotonia é bom olhar o mundo todo com olhos de comer - olhos que devoram tudo e um cérebro que tudo processa e compara com uma base de dados imensa. Descobriremos em cada olhar uma novidade, mesmo no vulgar e rotineiro.

Hoje quando voltares para casa faz o caminho por outra rua, quando fizeres o jantar experimenta outro ingrediente, quando falares com alguém tenta outra expressão, quando olhares vê mais do que o visível.

"Seja você mesmo mas não seja sempre o mesmo" (Gabriel, o Pensador)

30.6.07

Some Kind Of Monster


METALLICA - SBSR 07, originally uploaded by Mario Guilherme.


Marx tremeria se visse como a dócil música, arte que apela à contemplação, se transformou no seu pior pesadelo. Nalguns casos substituiu a religião, gerando legiões de fanáticos que seguem os seus ídolos e os defendem como se fossem deuses vivos. Um gesto no palco reflecte-se nos milhares de pessoas que assistem de forma alucinatória a um concerto.
Hurra! disse James Hetfield... ...e logo uma multidão respondeu, como se fossem legionários espartanos (do filme "300"): HURRA!!!!
O público canta sozinho as músicas, gestos e palavras sucedem-se em antecipação como numa cerimónia religiosa. Todos sabem onde se deve gritar, abanar a cabeça, chorar, ligar para o amigo ou namorada, etc.
Há até sinais de um fanatismo egoísta: gente que chama nomes aos seus ídolos para que façam isto ou aquilo. Adoram-nos e insultam-nos em busca das suas intenções para aquele espectáculo.
No palco meia dúzia de mortais (que também comem, dormem, vão ao WC, têm dor de dentes, etc) são assaltados por uma força maior que eles. Ainda que lhes doa a cabeça, ainda que estejam cansados da viagem, ainda que lhes tenha morrido alguém querido... ...tocam e cantam para deleite de milhares de pessoas. É-lhes exigido todos os gestos e rituais da cerimónia, é-lhes exigido um sorriso e boa disposição, empatia. Ainda que tenham tropeçado num dejecto de cão na cidade que se torna deles por um dia apenas têm de elogiar a terra onde tocam e dizer que este público é o melhor de sempre.
Criaram algo poderoso, maior do que a sua mera humanidade e agora têm de estar à altura do mio que inventaram para que não haja represálias por parte dos mesmos que os veneram.
Cada rockstar cria para si uma espécie de monstro que não está no palco mas na atmosfera. Nem sempre são mais livres do que o publico enjaulado à sua frente, por vezes são prisioneiros mesmo.

"Here I am, On the road again
There I am, Up on the stage
There I go, Playin' star again
There I go, Turn the page

So you walk into this restaurant
Strung out from the road
And you feel the eyes upon you
As you're shaking off the cold
You pretend it doesn't bother you
But you just want to explode

(...)

Out there in the spotlight, you're a million miles away
Every ounce of energy, you try and give away
As the sweat pours out your body, like the music that you play"

["Turn The Page", Bob Segar (interpretado por Metallica no álbum Garage, Inc., 1998)]

26.6.07

Lavar e dar de novo


Money Laundering, originally uploaded by tengtan.


Façam contas comigo:
O "Comendador" Berardo (só usa o título de Comendador quem precisa, já que meio país tem uma Comenda) está a fazer um mau negócio com a colecção de arte. Parece que se perde imenso dinheiro em expor obras de arte de que somos proprietários, cobrando um bilhete (excepto a funcionários públicos e sócios de clube de primeira liga, o que diz um pouco da sensibilidade deste coleccionador).
Os merdia nacionais elogiam, dão uma imagem de um santo que voltou ao seu país para espalhar boa vontade: a arte é dada ao povo, o Benfica é comprado mas com cuidado para não interferir no clube, os estudos sobre aeroportos são oferecidos sem nenhum interesse (http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=821297), etc. Tudo cheio de grandes intenções.
Da vida dele, sabe-se que nasceu pobre numa família de meia dúzia de filhos, foi para a África do Sul distribuir hortaliças e acabou por fundar uma empresa de exploração mineira: outro e diamantes. Se saltei alguma coisa foi porque essa informação não está divulgada. Tudo isto tem lógica assim mesmo.
Foi comprando arte, empresas, etc, tudo o que podia dar mais dinheiro até se tornar o 10º português mais rico e um coleccionador (ou será apenas proprietário) com uma colecção maior do que o Guggenheim!

Vejam a opinião deste colega bloger em A Lei De Murphy

25.6.07

studium


Lost without lists, originally uploaded by sleepy terry.

"words, words, words..." dizia Hamlet.

Estudar à pressa para que fique feito mais uma é só isso: estudar à pressa. E o que fica? Para que estudamos afinal?
Para cumprir disciplinas obrigatórias com grande frete? Ou para saber mais? Ou porque gostamos da matéria?
Ou nenhuma destas...

Está a acabar.

23.6.07

Pedido de opinião:

A amiga Marina achou que o SYW andava com muitos posts de política internacional e que podia haver uma separação. Ficariam as filosofias da treta do Enolough para um lado e as suas visões sobre a geopolítica deste planeta para outro.
Que acham disto?

Está fora de moda estar na moda


photo op, originally uploaded by kelco.


A moda é daquelas coisas que nunca agarramos, como o pombo na praça, a sombra na rua, o peixe que desce o rio...
Alguém estabelece uma moda. Só se pode estabelecer uma coisa dessas quando ainda não é moda. As pessoas vão a correr comprar sapatos em bico, botas de metro e meio, roupas camufladas, etc e ficam na moda. É moda o que "está a dar", o que "se usa", que se "tem vendido muito". Acontece que as criaturas na moda ficam confortáveis por estarem normalizadinhos mas desconfortáveis porque a pessoa X tem um casaco igualinho ao seu (talvez porque foi comprado na mesma Zara, Bershka, Pull & Bear, Mango, Salsa ou outro Templo da Padronização equivalente).
Claro que as fábricas precisam de escoar produto e no ano a seguir as roupas "passam de moda" e a moda virou. Geralmente não vem nada de novo, apenas uma maneira de vestir com mais de 10 anos para que nem toda a gente mais nova se lembre de ter usado e para que toda a gente mais velha se lembre perfeitamente bem de ter usado.
Pessoas que gostam de estar na moda: não deitem nada fora porque tudo volta.
Falamos de roupas, claro, mas podíamos falar de CDs, de desportos, etc... tudo o que possa servir como adereço de uma representação social tem uma moda.
A questao é que a moda deixa de o ser quando se torna. (confuso?)

NS III


Through Her Eyes, originally uploaded by Enolough.


Tantas vezes te julgas menor, menos capaz, mais simples... mas eu conheço a complexidade imensa que há em ti, eu sei que és capaz de tudo quanto queiras e já me mostraste isso. Sei que lutas pelo que queres, vi-te conseguir chegar onde muitos invejam, vi-te escrever o que muitos podem ler com um sorriso mas que poucos podiam ter escrito.
Eu vejo todos os dias a maneira como sorris, quase demais, a um mundo que tem de ser cor-de-rosa à força (quando não é acaba por ficar à tua passagem). Eu vejo esse olhar que quer devorar um mundo inteiro num instante, como o instante em que o obturador fixou eternamente este reflexo de mim em ti.
Quanto mais te olho mais me vejo.

Per aspera ad astra!

NS I
NS II

11.6.07

Revolução pela observação

Circular entre espaços sociais diferentes faz-nos bem. É importante perceber como se distribuem as pessoas no corpo social em que nos inserimos, e é importante saber o nosso lugar para melhor compreender o que está acima e abaixo, o que é semelhante e diferente.

Longe de mim comportar-me como um Alpha de A Brave New World, julgando-me mais do que outros. Defendo precisamente que todos nós devíamos uma vez na vida varrer o chão, trabalhar no campo ou numa fábrica, comer refeições desesperadamente básicas, passar fome e sede, ter dores, etc.
Faria bem sentir uma vez na vida, pelo menos, que não sabemos onde estamos e que horas são, que ninguém à volta nos pode ajudar e que a comunicação com qualquer ser humano está impossível. Isto ia fazer com que cada um de nós desse mais importância ao outro, ao vizinho, ao pedinte, ao ministro, ao polícia. Afinal, o que é um indivíduo? Uma peça inútil enquanto indivíduo, já que outro pode fazer o seu lugar, desempenhar o seu papel. O indivíduo é uma parte do todo a que chamamos organização social, é uma peça de interacção. Existe individuo e individualidade em função de existir uma corpo maior que engloba cada indivíduo e lhe dá um sentido. Como só existe um eu quando há um tu, como só existe um nós se houver um eu mais qualquer coisa.

Varrer o chão, servir cervejas, cumprir horários... ...todos devíamos experimentar isto para saber que há uma outra vida. Todos deviamso experimentar isto para saber que existe algo acima e abaixo da vida pseudo-burguesa que eu e o caro leitor partilhamos em comum. Assim, além de ficarmos contentes com o pouco que temos, percebemos que tudo o que temos é pouco e que a mudança é possível.

Não se trata da defesa de uma espécie de socialismo-sorridente, antes de uma atitude de sorriso perante o social, que estou a defender. Temos de reconhecer as vidas, as lutas de cada um, da classe a que esse um pertence, e da sociedade em que essa classe se movimenta. Para poder viver mas também agir sobre o social. As revoluções de hoje são feitas porta-a-porta, como a venda de Biblias. São revoluções silênciosas, à margem, sao como o despertar de algué mpela manhã, sacudindo devagarinho mas provocando uma radical mudança de situação.


10.6.07

Kosovo e Co.

G.Bush pretende a independência do Kosovo. Os mais pessimistas, os mais atentos, os astutos observadores estão a ver aqui uma maneira de aliar a América à Europa, afastando a UE da Rússia.
V.Putin opõe-se à independência do Kosovo. Isto, a questão do sistema de defesa europeu (no que toca aos mísseis) e o despertar da Rússia para o proteccionismo dos combustíveis fósseis são o suficiente para os mais assustadiços temerem uma II Guerra Fria.

Eu defendo a liberdade e independência aos povos, o Estado-Nação é a única forma legítima de governo democrático. Aglomerar várias nações debaixo da mesma alçada governamental é uma forma de imperialismo fora de moda e com cheiro a podre.

Alba (Escócia, Reino Unido),

Ulster (Irlanda do Norte, Reino Unido),

Euskal Herria (País Basco, Espanha),

Kosova (Koso
vo, Sérvia),

كوردستان (Curdistão, Iraque),

etc...

...todos os povos merecem a sua escolha e autonomia (em forma de Região Autónoma ou País).

Claro que isto serve para os Impérios escondidos (ultimamente nem tanto) defenderem os seus interesses através da influência, servindo de turores aos recém-libertos povos, e é aqui que reside o risco de uma II Guerra Fria, na influência que as potências instaladas (EUA e a ténue UE), potências recuperadas (Rússia) e potencias emergentes (China e a mais discreta India) pretendem ter sobre esses povos.

Acredito que essa II GF está por vir, ou melhor, que nunca deixou de existir (esta paragem não foi mais do que um compasso de tempo para desmantelar a URSS e trazer a Rússia com a economia restaurada).

No meio de tudo isto a Europa é um canto de patetas alegres que ora viram a cabeça para o lado Oeste ora para Este como quem está sentado ao topo da mesa observando um diálogo de gigantes que se vai fazendo cada vez menos em surdina.

30.5.07

Na preparação do post anterior acabei por me deparar com uma interessante situação - um site mostra um novo cartaz de propaganda:



Defende a Terra Prometida, tem referências religiosas a Sião e Jerusalém, apresenta a estrela de David, alimenta a esperança de dois mil anos (altura em que a dita terra foi conquistada por romanos).























Alguém acaba por fazer o seguinte comentário:
"judy says:
I'm Jewish and I'm getting a bit fed up with the images of blond, blue-eyed girls in Israeli promotions. (Incidentally, I'm fairly 'aryan'-looking myself.) The point is that the anti-zionist argument is that we are native european or khazar colonisers of the Land. Pictures of european-looking Israelis (and I know there are many of them) only confirm this idea among those who know very little about Israel. We should stick to 'semitic'-looking Israelis who look as 'native' as arabs to make the point. The image is everything.
at August 12, 2006 10:25 AM"

[em http://www.bluestarpr.com/000072.php]

E eu pergunto: um queria gente loira na Europa, estes querem gente não-loira na "Terra Prometida"... ...não é uma maneira de pensar igual?
Tenho a certeza que se algum simpatizante pelo povo ou religião em questão (porque neste caso se confundem) visse os meus posts ia logo chamar-me de anti-semita. Chamam isso a todos os que acham mal bombardear pessoas, a todos os que acham que terrorismo tanto pode ser uma bomba no autocarro como um míssil teleguiado...

A Terra Prometida


"Um ataque da aviação israelita, na madrugada de hoje, na Faixa de Gaza, provocou a morte de dois activistas, segundo fonte das forças de segurança palestinianas.
A mesma fonte acrescentou que os dois activistas estavam armados, mas não esclareceu a que grupo pertenciam.O ataque aéreo tinha como alvo o campo de refugiados de Jabaliya, a norte da Faixa de Gaza."
[in PÚBLICO online - 30.05.2007 às 11h46m]

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Eu acho que a justificação é divina (quem melhor para justificar a protecção do que Ele?) e vem no Livro:

"Every place that the sole of your foot shall tread upon, that have I given unto you, as I said unto Moses. From the wilderness and this Lebanon even unto the great river, the river Euphrates, all the land of the Hittites, and unto the great sea toward the going down of the sun, shall be your coast. There shall not any man be able to stand before thee all the days of thy life: as I was with Moses, so I will be with thee: I will not fail thee, nor forsake thee. Be strong and of a good courage: for unto this people shalt thou divide for an inheritance the land, which I sware unto their fathers to give them."
[Livro de Jusué, Cap. I - palavras de Deus ao povo de Israel]

Textos que nos chocam...

...pela falta de rigor:

Crianças vêem facilmente filmes com 'bolinha vermelha'

É com este fantástico título que um jornal de prestígio como o SOL nos chama para uma notícia que me deixou de boca aberta. Não é porque as crianças estarem a perder a timidez, é por um jornal se atrever a chamar os leitores para um texto-lixo sem qualquer rigor. Esperávamos uma pequena análise, um mínimo de estudo sociológico? Talvez inquéritos, uma pequena amostra do universo das crianças do nosso país? Não...
O SOL presenteia-nos com as declarações de UMA professora primária que tem a seu cargo VINTE E DOIS alunos. Claro que isto chega para tirar grandes conclusões, a senhora pode afirmar que "as crianças" a partir de 22 crianças; pode analisar hábitos de visionamento de filmes das famílias a partir de 22 casos que podem ser 22 ficções, 22 estórias mal contadas, etc...

Era tempo de exigir algum rigor.

Link para o referido texto:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=36901

24.5.07

Quem vê caras não vê profissões


strange padlock faces..., originally uploaded by floresita.


Vou citar-me a mim mesmo (assim não morro sem alguem me ter citado; tenho a certeza de que os textos estão relacionados; chamo a atenção para algo já escrito por mim): "nunca repararam como às vezes parece que conseguimos olhar muito bem para as pessoas comuns que por nós passam comunmente no dia-a-dia e encontrar traços comuns a outras pessoas por nós já vistas? como se houvesse uns quantos moldes a partir dos quais todas as pessoas são feitas... [in "uncanny / strage deja vu"]

Ás vezes parece que determinadas caras-padrão, com um mínimo de características físicas em comum, correspondem a determinados tipos sociais, profissões ou maneiras de estar na vida. Passava hoje pela rua a olhar para as caras (porque me esqueci do analgésico que costuma ser o leitor de mp3) e reparei como há caras tão semelhantes a outras. Os mesmos sinais, os lábios parecidos, o olhar, cabelos lisos ou encaracolados. E as roupas de uns e outros, quando semelhnates em físico, acabam por corresponder; e a música que ouvem, os filmes que veem, as palavras que dizem...

Será que determinados modelos de cara/corpo se encaixam em profissões e tipos sociais? (como se o tipo social chamasse esse corpo a si, como uma vocação)
Ou será que quando nos encaixamos num dado tipo social o nosso corpo e rosto se adapta, moldando o físico à imagem do psicológico? (no fundo, criando uma "imagem e representação" do perfil psico-social)

É uma questão que me continua a assaltar... a repetição, o padrão... seremos todos feitos de meia dúzia de moldes, como no "A Brave New World" do Huxley?

Será que os "corpos dóceis" criados pela modernidade (expressão de M.Foucault) são mesmo transformados fisicamente? Será que a sociedade cria corpos através dos papéis distribuídos? (e mais uma vez o livro de Huxley, em que tipos semelhantes à nascença eram modificados em laboratório para corresponderem fisicamente e intelectualmente ao seu futuro papel social)

Sugiro meditação sobre o assunto...

Exercício


Apple Bluetooth Keyboard, originally uploaded by Amber & Adolph.


Proponho um díficil exercício:
ao mesmo tempo que vires as letras que escrevi no ecrã, encontra a correspondente no teclado:

D
x
C

[se olhaste para o teu falhaste... não podes olhar "ao mesmo tempo" para o ecrã e teclado. Pergunta do dia: para que servem dois olhos se não conseguem ver coisas totalmente diferentes?Mas que fraco processamento cerebral nos deram...]

22.5.07

Big small things; Small big things. (to think and to sink)


, originally uploaded by P!xêĽ.


O ponto de vista é fundamental. A maneira como abordamos uma questão pode mandar uma conversa entre duas pessoas abaixo pelo simples facto de não se perceberem as tomadas de vistas. Não é que tenhamos de estar num mesmo ponto a olhar para o objecto em questão; é importante que saibamos que o objecto abordado é o mesmo, ainda que um veja a fachada e outro espreite a lateral.

Se estabelecermos bem as bases comuns (objecto) e as diferenças de abordagem a comunicação argumentativa entre duas pessoas muda completamente, para melhor.

É possível tratar um mesmo assunto de várias maneiras, é possível tratar vários assuntos da mesma maneira --> e é nisto que a ciência da Sistémica tem tanta beleza. O mais importante é mesmo a abordagem. E deve ser aí, na falta de se estabelecer claramente as diferentes abordagens, que grande parte das conversas e argumentações falhadas falham.

Não temos todos de ver em prespectiva, outros podem querer ver a planta do edifício, com a distância que isso implica. Podemos até falar de várias camadas de um assunto. E até aqui é importante definir em que camada estamos. Falamos da proporção? Da estética? Da funcionalidade? De um gosto/não gosto?

Nem tudo é de se aceitar e longe de mim defender um relativismo absoluto. Mas estar abertos às várias abordagens possíveis das várias camadas (quando as há) de um dado assunto é importantíssimo para que a comunicação se dê em níveis mais complexos.

14.5.07

Free

De entre as minhas músicas preferidas a "Free" é talvez a mais pequena e até é simples. Tem, no entanto, uma força fantástica que só OSI podia dar. Este "projecto com aspiraçõs a banda" tornou-se parte da minha vida como se fosse uma daquelas grandes bandas de que vemos meia dúzia de concertos na vida. Mentira, nunca houve um concerto de OSI. Sigo atentamente desde 2003. Neste vídeo Mike Portnoy toca a "Free" quase como a tocou no àlbum.

19.4.07

Do revisionismo aos paradoxos do lado dos "bons"


E de repente o Sr. Mahmoud Ahmadinejad tinha razão e na U.E. passava a estar proibido negar ou duvidar do que nos habituámos a ver como a História da Europa nos anos 40...

De facto, a União prepara-se para aprovar leis neste sentido, vedando a liberdade de expressão e até de investigação para o futuro. Pensemos na Batalha de Aljubarrota: milhares de espanhóis a perder de vista e um punhado de portugueses, uma padeira combatente, etc... Mitos que a investigação posterior desfez, recolocando a verdade histórica.

Se for proibido apresentar novas verdades tudo o que teremos é a história feita nos dias que se seguiram à queda da Alemanha. História feita pelos dois países que haviam de dominar a cena política mundial nas décadas seguintes.

Não sou obviamente defensor dos revisionistas radicais que pretendem negar um grave estremínio racista ocorrido na Europa mas acho que a liberdade de expressão deve ser sempre concedida. Afinal de contas, se temos tanta certeza do que aconteceu como é que pode prejudicar a nossa sanidade colectiva o facto de aparecer alguém que diga o contrário?

E não é do choque de opiniões e descobertas que vem a verdade? Porque é que não se pode investigar mais para afastar a Europa desse fantasma? Era até um sinal de respeito para os mortos às mãos do cruel regime alemão das décadas de 30 e 40 do século XX.

"a União Europeia chegou hoje a acordo para tornar o racismo e a negação do Holocausto um delito em todo o espaço europeu...", pode ler-se no Público Online
E com isto estou já noutro lado... duvidar do holocausto ou defender os palestinianos é ser antisemita; conquistar territórios com tanques e bulldozers, destruir famílias conquistando um território de outra nação é ser o quê? Imperialista? Religiosamente teimoso?

Israel parece querer na Terra Santa o seu "espaço vital", á custa de outro povo. E o que queria o lunático Adolfo quando saiu da Alemanha para a Polónia?

Antonov 124-100 (CGN)


Antonov 124-100 (CGN), originally uploaded by F10 Ghost.

Vi um destes hoje :)

13.4.07

POWER ON SELF TEST


Stop, originally uploaded by Snood.


A foto de hoje é do amigo Paul Hughes, Newscastle. Além de me ter chamado imediatamente a atenção quando a vi (oito meses atrás) esta foto, intitulada "Stop" tornou-se muito mais importante ao ser capa do primeiro album de Alluminia. Chamámos "POST", Power On Self Test, ao album. Coincidência o facto de ser um acrónimo do título da foto.

Amanhã, dia 14 ele vai poder ser ouvido pela primeira vez. Tendo sido escritas maioritariamente por mim, as letras são por um lado um bom complemento aos leitores do "Sure ou Will". Por outro lado, aos ouvintes mais atentos de POST talvez não saiba mal espreitar o SYW.

Unite the sound, como dizem os Blasted Mechanism no último album... Visitem, procurem, pesquisem, saibam mais, critiquem, mudem tudo, revolucionem cada célula do vosso corpo e cada sinapse do vosso cérebro para melhor revolucionar as vidas, sociedades, sistemas.

Eu estarei antento.

5.4.07

Ar quente e húmido


há qualquer coisa de estranho para acontecer a leste daqui...
Israel? Irão? Rússia? Coreia? Ou mais perto, em Santarém?
Sempre a Leste, indica o pêndulo.

Sou só eu ou vocês também sentem que anda por aí uma série de acontecimentos ligados e desligados mas que acabam por se ligar sempre nas cores vermelha, branca e azul? (cores de UK, USA, Russia, Coreia, Cuba...) E a questão da energia na Rússia?

Sente-se aquela coisa no ar, como nos minutos que antecedem ao tremor de terra; como se sentiu antes da Grande Guerra nos anos 10 do século transacto; como se sente sempre antes do cataclismo; como se sentiu em Hiroshima segundos antes de tudo morrer; como se anda a sentir desde o virar do século.

Faltará muito? E depois é a tal anunciada guerra com pedras e paus? Ou não restarão árvores onde arrancar os paus?

4.4.07

O Grande Vazio


empty quarter garage 17-6-05, originally uploaded by localsurfer.


Rub' al Khali (الربع الخالي)
Este grande deserto tem muitas histórias para nos contar, desde as contadas em HollyWood à célebre banda desenhada de Carl Barks em que Scrooge McDuck se aventura pelo deserto com so sobrinhos.

Sugiro que se pense no facto de pessoas em condições semelhantes poderem ter vidas tão diferentes. Umas são a oscilação dramática entre quente e frio, são as grandes dunas mais altas do que a torre Eiffel e os pequenos graos de areia pontuados por uma ou outra forma de vida; outras são apenas o vazio, oscilam entre quente e frio sem mais, não como o chão carregado de imensidão do Rub' al Khali mas como o seu ar, ora sofucante ora gélido.

Uns aventuram-se pelo calor do sol, sujeitos aos ataques de escorpiões experientes nas andanças do deserto, outros deixam-se ficar na primeira sombra ou oásis que encontram (vendendo agasalhos porque na sombra faz frio), fora da realidade.

Enfrentemos a realidade, esmaguemos escorpiões, aguentemos a falta de água fácil...

...chamem-nos de camelos - mas só nós atravessamos o deserto!

3.4.07

We were soldiers once...


General, originally uploaded by Juanvaldaro.


São milhões de contos em roupas, alimentação, logística, transportes, equipamento, propaganda, DESTRUIÇÃO

e depois...

Milhões de contos em roupas, alimentação, assistência, comunicações, habitação, propaganda, RECONSTRUÇÃO

Heróis? Heróis são os polícias e bombeiros, professores e médicos que todos os dias travam guerras ao contrário.

Mas porque raio todos gostamos na mesma da guerra quando ela não nos bate à porta? Será que o telejornal a faz parecer um filme? Ou que o filme que parece um telejornal, de tão real, acaba por destruir as separações que eram necessárias?

Devolvam o horror à guerra, ela merece ser horrorosa, merece fazer vomitar os que não participam nela e os que a encomendam.

Paz

18.3.07

Sound In Light / Light In Sound

Review engraçada a uma das minhas bandas preferidas (das que mais amo e odeio ao mesmo tempo): Blasted Mechanism

http://www.havidaemmarkl.com/2007/03/14/como-uma-graphic-novel-so-que-com-sons

Sugestão culinária

Frango guisado com massa (tagliatelle com ovo e tempero de ervas), alface (temperada com azeite, oregãos, vinagre e sal) e banana (cortada às rodelas).

A preparação é óbvia mas não quero deixar de recomendar que a massa seja cozida apenas em água, sal e ervas durante 8 minutos para ficar "al dente". No fim passa-se por àgua fria e junta-se margarina (que deve derreter no mesmo tacho, ainda quente, onde foi cozinhada a massa.
O tempero da alface deve ser ligeiramente exagerado.
O frango deve estar pouco "cozido".
O prato é dividido em quatro zonas de diverentes cores, temperaturas e sabores.

Bom apetite!

11.3.07

Quiz


???, originally uploaded by skryba.


Dou um metro cúbico de ar e um copo de água da torneira a quem adivinhar o que é isto.

De uma pasta cheia de lixo:

Entre folhas de texto com pó e mapas de bit já sem cor encontrei um velho texto que me fez sorrir. Parece que fala sobre música e Música...
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28-04-2005 - 10:48:49 AM

A música enquanto forma de expressão artística é pura e desinteressada. Não há ódio entre expressões de sentimentos nem que esses sentimentos expressos sejam ódio... Mas naquilo a que chamam mundo da música, que é na verdade o comércio da música, há muita sujidade! Em conversa com artistas, uns já famosos, outros nem tanto chegamos todos a esta mesma conclusão... Há rancores, ódios e interesses no "mundo da música", mas isso não nos deve espantar porque em tudo o que o Homem faz que seja possível haver pelo menos duas classes distintas todos querem invariavelmente chegar à classe superior. Isto é universal e aplica-se de uma forma ainda mais vincada a tudo o que envolva dinheiro ou reconhecimento público (que é a mesma coisa, ou quase). Ora acontece que o "mundo da música" se tornou desde meados do século XX num negócio, mais do que arte... Surge aqui a questão do profissionalismo: é profissional aquele que ganha dinheiro só com a música? Aquele que vive de uma forma de expressão? Então vamos cair no utilitarismo de criar música que sirva necessidades em vez de música que expresse sentimentos (arte). E se formos por este prisma, o músico profissional acaba por ser menos "profissional" que o amador porque o amador dá tudo o que tem pela arte e para se exprimir, enquanto o profissional dá o que tem de dar para receber dinheiro... Quero ser amador o resto da minha vida! Se ser profissional é abdicar do lado artístico, não quero... E a verdade é que os músicos são empurrados para a profissionalização no sentido que já falei, a do dinheiro e fama. A profissionalização que devemos procurar é a de conseguir viver só para a música e não a de viver só da música. Isso é o que eu quero.

9.3.07

Enolough apresenta:

Para esta semana um pequenino texto que achei delicioso, vindo de uma amiga (Lolly) genial. O texto diz respeito a todos nós que usamos o MSN, vendo, falando ou ligado só para fazer de companha, como a velha telefonia das donas de casa solitárias.

É fantástico como este artigo podia ter sido escrito por mim, tirando o facto de eu não conseguir escrever assim...


http://da-lolly-para-a-pop.blogspot.com/2007/03/and-today-my-name-is.html

6.3.07

Something's missing


Eu suspeito que há algo terrével e maquiavélico no facto de uma conhecida empresa de pesquisa na net (cujo nome acaba em E, tem segunda e terceira letras O, começa com G e tem GL antes do supracitado E) guardar as pesquisas de toda a gente para supostamente as usar na melhoria do sistema de pesquisa, para criar uma pesquisa pessoal mais ao encontro do cliente, etc. O verdadeiro objectivo disto e outros truques da dita empresa (nota: o objectivo de qualquer empresa, mesmo que seja invisível, é fazer dinheiro) deve ser o de saber melhor o que nós queremos para nos bombardear com publicidade! E mais, vender essa informação a meio mundo (cliques e letras escritas não dão dinheiro).

A verdade é que a dita empresa (não digo o nome porque como sabem o Blogger pertence à G... e é melhor não arriscar) tem um poder económico gigante, tem um poder de mudar o pensamento e atitude (vejam a maneira como o G... News muda a confiança no jornalismo, mostrando que as notícias eram todas iguais).

Agora eu sei que estão a rir-se das paranóias deste pobre diabo mas vão a Gxxxxx.com e vejam quando se carrega em mais serviços da mesma empresa: é tudo deles!! E o histórico de pesquisa? Está aí o que procuraram desde sempre... Uma base de dados sobre quem são vocês, quem são os iguais a vocês, quem é a humanidade!!

Ok, a verdade é que não podemos mudar para outro serviço equivalente porque são todos mauzinhos. Mas não se deixem enganar pela aparência brincalhona e colorida, se houver neste site uma diferença é para pior. Quando forem velhinhos pode ver-se o que andavam à procura na infãncia... e se fosse algo menos próprio? e se quiserem apagar essa fase da vida?

[Nota: sou utilizador registado da dita marca e pesquiso, na maior parte das vezes, nesse site.]

5.3.07

Looks like me (I like me)

See us sleep behind the glass
Unaware of crime
Will you wake us up before it is time

The red circle holds the only light
Break down my perspective
And notify everyone when the time is right
My mouth remains inactive

[Katatonia (2006), "Deliberation" in The Great Cold Distance]


Nunca me vejo no espelho porque quem vejo no espelho nunca parece EU, pareces-me tu... e é estranho quando somos os dois o mesmo, desconfortável quando pareces tão melhor que eu apesar de tão semelhante.

25.2.07

War


We are all POWs, arrested by the nightmare of a constant war that penetrates our lives no matter how distant we may be. We may not pay attention to it; we may live everyday with distant deaths but in the prices and in our deepest thoughts and inner peace we are somehow affected.

It's not an American war for oil, the world is at war for something different. Something that's deep in our culture, something old and dark. Religion, ideology and economics mix into a dangerous pot about to explode each and every day.

So we all might be sorry but the worst feelings are to the soldiers. No war is a soldiers war yet they are the ones who fall to the ground.

"Bodies fill the fields I see, hungry heroes end
No one to play soldier now, no one to pretend
running blind through killing fields, bred to kill them all
Victim of what said should be
a servant `til I fall

Soldier boy, made of clay
now an empty shell
twenty one, only son
but he served us well
Bred to kill, not to care
just do as we say
finished here, Greeting Death
he's yours to take away

Back to the front
you will do what I say, when I say
Back to the front
you will die when I say, you must die
Back to the front
you coward
you servant
you blindman

Barking of machinegun fire, does nothing to me now
sounding of the clock that ticks, get used to it somehow
More a man, more stripes you wear, glory seeker trends
bodies fill the fields I see
the slaughter never ends

Why, Am I dying?
Kill, have no fear
Lie, live off lying
Hell, Hell is here

I was born for dying

Life planned out before my birth, nothing could I say
had no chance to see myself, molded day by day
Looking back I realize, nothing have I done
left to die with only friend
Alone I clench my gun"

["Disposable Heroes" (1986), Metallica in Master of Puppets]

17.2.07

Hoje não escrevo aqui! (ups…)

16.2.07

É tempo de PROPAGANDA


ora bem, o video não está ligado à música mas eu gosto da música e o video tem coisas interessantes. e já agora, faz alguma coisa pela educação dos meninos e pais (mesmo que vocês achem que é pouco)

15.2.07

Austerity


Austerity, originally uploaded by magic fly paula.


"keep it simple", é o lema de uma loja/marca de roupa para desportos radicais. esta foto documenta o poder do simples, liso, austero; mostra como somos esmagados pela altivez do simples e como isso pode provocar meditações, mais do que o enfeite poderia fazer. porque é na essência que se escondem verdadeiras questões (e o essencial NÃO é invisível aos olhos).

e quem de nós consegue pensar sobre matérias importantes sem limpar o ruído, o enfeite, o acessório? o que "O Principezinho" não resolve é: se o essencial é invisível aos olhos onde está ele? pois eu digo-vos, o essencial é o que os olhos não querem ver muitas vezes mas não é invisível.

Torres Vedras


Torres, originally uploaded by Enolough.

a minha cidade é bonita e tem um castelo:
ás vezes é bom ser turista na sua própria terra por isso fui à descoberta das velhas torres da minha cidade. sabiam que a torre de menagem é mais baixa que o palácio dos alcaides devido a uma reconstrução que interpretou as janelas do primeiro andar do palácio como sendo ameias? :)

Confessions


Confessions, originally uploaded by Super_Dooper.


Confesso que gostava de ter o DVD novo da Madonna, dizem que é o maior espectáculo do mundo e eu gosto de espectáculos...

12.2.07

get it right


I was half outside and half inside a dream
When i thought i heard your voice on my machine
Sang along had the song almost memorized
Liked the track so i laid back and let it fossilize

(i've got all of this on video
It just gets better every episode)

[...]

And it makes no sense to me
Unless i see it on t.v.
So just launch that satellite
And get it right

America i was blind but now i see
America right there in front of me

(sometimes the answer just comes)
(sometimes the answer just comes)

[Chroma Key (1998), "America the video" in Dead Air For Radios]

ninguém

a esta hora já ninguém está na internet, ninguém na rua, ninguém no telefone... já ninguém vive a esta hora

já foi

10.2.07

Standby (looks like rain)

mais uma música de OSI para deleite dos que ainda insistem em ver este "golb". gosto particularmente desta música...

vista daqui até parece chuva ;)

um bom dia para todos vós

Ford Capri


V8 Perana Capri, originally uploaded by digitalFRANCE.


eu queria este...

right now

  • Read: "The Other Side Of The Sky", Arthur C. Clarke
  • Watch: "Pulp Fiction", Q. Tarantino
  • Play: N/A
  • Listen: "greateSt HIT", Dream Theater