11.6.07

Revolução pela observação

Circular entre espaços sociais diferentes faz-nos bem. É importante perceber como se distribuem as pessoas no corpo social em que nos inserimos, e é importante saber o nosso lugar para melhor compreender o que está acima e abaixo, o que é semelhante e diferente.

Longe de mim comportar-me como um Alpha de A Brave New World, julgando-me mais do que outros. Defendo precisamente que todos nós devíamos uma vez na vida varrer o chão, trabalhar no campo ou numa fábrica, comer refeições desesperadamente básicas, passar fome e sede, ter dores, etc.
Faria bem sentir uma vez na vida, pelo menos, que não sabemos onde estamos e que horas são, que ninguém à volta nos pode ajudar e que a comunicação com qualquer ser humano está impossível. Isto ia fazer com que cada um de nós desse mais importância ao outro, ao vizinho, ao pedinte, ao ministro, ao polícia. Afinal, o que é um indivíduo? Uma peça inútil enquanto indivíduo, já que outro pode fazer o seu lugar, desempenhar o seu papel. O indivíduo é uma parte do todo a que chamamos organização social, é uma peça de interacção. Existe individuo e individualidade em função de existir uma corpo maior que engloba cada indivíduo e lhe dá um sentido. Como só existe um eu quando há um tu, como só existe um nós se houver um eu mais qualquer coisa.

Varrer o chão, servir cervejas, cumprir horários... ...todos devíamos experimentar isto para saber que há uma outra vida. Todos deviamso experimentar isto para saber que existe algo acima e abaixo da vida pseudo-burguesa que eu e o caro leitor partilhamos em comum. Assim, além de ficarmos contentes com o pouco que temos, percebemos que tudo o que temos é pouco e que a mudança é possível.

Não se trata da defesa de uma espécie de socialismo-sorridente, antes de uma atitude de sorriso perante o social, que estou a defender. Temos de reconhecer as vidas, as lutas de cada um, da classe a que esse um pertence, e da sociedade em que essa classe se movimenta. Para poder viver mas também agir sobre o social. As revoluções de hoje são feitas porta-a-porta, como a venda de Biblias. São revoluções silênciosas, à margem, sao como o despertar de algué mpela manhã, sacudindo devagarinho mas provocando uma radical mudança de situação.


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