15.1.07

uncanny / strange deja vu


Assembly Line, originally uploaded by squarefrog.

aviso prévio: estive a ler Freud, sobre a repetição e o desconforto do "sinistro" (que é estranho e familiar ao mesmo tempo)

nunca repararam como às vezes parece que conseguimos olhar muito bem para as pessoas comuns que por nós passam comunmente no dia-a-dia e encontrar traços comuns a outras pessoas por nós já vistas? como se houvesse uns quantos moldes a partir dos quais todas as pessoas são feitas...
a questão é que essas pessoas não têm afinidades familiares para explicar geneticamente o fenómeno.

estranho? é o uncanny!

eu próprio já fui confrontado com amigos que disseram ter visto alguém:
a) fisicamente semelhante a mim mas com personalidade diferente
b) semelhante em personalidade mas fisicamente diferente de mim

teorias explicativas: uma máquina produz corpos a partir de moldes; há umas dezenas ou talvez centenas deles para os sete biliões de pessoas que hoje existem. cada peça base é então adornada com pequenos traços distintivos (cor de cabelo, tipo de cabelo, olhos, lábios, sinais e tons de pele, etc) e segue para a fase seguinte.
depois do hardware é colocado na pessoa um software de personalidade destinado a desenvolver-se ao longo do tempo, consoante os estímulos; no fundo a personalidade está lá mas é adaptada em pormenores (gostos musicais e artísticos, gastronómicos, paixões, etc) consoante a experiência posterior.

depois disto a pessoa em potência é encapsulada numa matéria invisível que "possui" a célula resultante do encontro entre óvulo e espermatozóide. desta forma podemos afirmar que a linha de montagem nunca será encontrada por estar noutra dimensão do tempo/espaço a produzir constantemente.

há sósias de mim por aí mas eu sou úncio, como construçõesde lego feita com as mesmas peças em combinações diferentes

e vocês, não encontraram relatos do vosso sósia por aí? ;)
da próxima vez que disserem "fazes lembrar um amigo meu que..." pensem melhor nisto.

3 comments:

Anonymous said...

bem, todos somos semelhantes porque afinal somos exemplares da mesma espécie. nao vejo isso como um molde, mas como o estagio actual do desenvolvimento. As caracteristicas individuais sao resultado de um infindavel lista de combinações possiveis, que nao sao modelos porque cada uma delas é unica. se pensarmos qye 10 pessoas com olhos castanhos se assemelham em alguma coisa, nao creio que estejemos a falar de coincidencia. E depois existem as mutaçoes documentadas que podem por si só constituir um sindrome (e aí essas pessoas sao real e curiosamente semelhantes) ou codificar caracteristicas isoladas que se diluem nas restantes. A personalidade.... quanto a isso acho que se trata mais de classificaçao por nos proprios, porque nao é imediato como a cor dos olhos e, portanto, é preciso tornar visivel caracteristicas invisiveis. se partirmos desse principio, a base é igual em todos, o padrao. cada factor varia interindividualmente de forma ordenada porque nós o classificamos. quando falamos de cultura de massas ou se pensarmos que devoramos tanta informaçao comum, é provavel que existam muitas afinidades entre muitos de nós. o mais dificil é conseguir encontrar alguem que no seu processo tomou rumos semelhantes, tem historia familiar coincidente com outro... probabilidade, coincidencia. somos todos massa unica e em constante mutaçao!

prla1983 said...

Ah, afinal não sou o único a reparar neste fenómeno.

Não só já me tem acontecido notar profundas semelhanças entre duas pessoas completamente distintas, como inclusivamente acho que há determinados agrupamentos de fisionomias que em muito transcendem a mera distinção de raças. Algo como uma pessoa A fazer-te lembrar B mas não porque são realmente parecidos em termos de feições mas sim num aspecto mais abrangente que, contudo, volto a dizer que não tem directamente a ver com o facto de se ser indiano, asiático ou latino-americano.

Só não consegui perceber a relação entre este raciocínio e o facto de teres andado a ler Freud. Caso exista, podes referenciar alguma coisa do autor que vá neste sentido?

Cool post, btw ;-)

Lolly said...

Das unheimlich, a inquietante estranheza de nos depararmos com o duplo,a repetição..
lol e aí tens o guião para um filme de ficção-científica português! Fico à xpera de o ver numa qualquer sala de cinema próxima de mim.

PS - Gostemos ou não, CC muda mesmo a forma como vemos o mundo...

right now

  • Read: "The Other Side Of The Sky", Arthur C. Clarke
  • Watch: "Pulp Fiction", Q. Tarantino
  • Play: N/A
  • Listen: "greateSt HIT", Dream Theater